Título Original: The Kite Runner
Ano de Publicação: 2003
Nº de Páginas: 365
Editora: Nova Fronteira
Nota: 90/100
" 'Venha até aqui. Há um jeito de ser bom de novo' foi o que me disse Rahim Kham pouco antes de desligar o telefone. Disse isso como quem não quer nada, quase como se falasse consigo mesmo.
Um jeito de ser bom de novo."
Oii, gente. O Caçador de Pipas se trata de um livro/filme que ouvia bastante as
pessoas comentando. Sinceramente, não tinha interesse em lê-lo. Pensava ser um
simples livro passado no Oriente que contava as aventuras infantis de dois
garotos. Mas felizmente não é somente isso que é narrado no livro. É uma
história de amizade. Uma amizade brutalmente rompida que gerou culpa e
arrependimento por anos e por fim, leva à uma busca arriscada pela redenção e
salvação de parte daquele que não teve sua lealdade correspondida.
O Caçador de Pipas conta
a história de Amir, um rico garoto
afegão que cresce na cidade de Cabul ao lado de seu pai (baba) e do empregado da família, Ali. Abandonado pela mãe logo após seu nascimento, Hassan vive com Ali e da convivência
diária no mesmo lar, desenvolve uma amizade com Amir ainda nos primeiros meses
de vida. Os dois crescem como irmãos, brincando todos os dias no jardim da casa
e vivendo aventuras juntos. Hassan, o determinado caçador de pipas que sempre
está disposto a defender o amigo nas situações de perigo e Amir, o que sabe ler
e escrever e encanta o outro com histórias de livros ou inventadas por ele
mesmo.
Boa parte da vida de Amir é narrada no
livro e ele conta tudo o que passou durante esses anos a respeito da relação
que tinha e passou a ter com seu pai e o mesmo com Hassan. Porém, o que mais me
interessou mesmo foram os motivos que levaram à essa mudança de caminhos e
pensamentos por todo esse tempo. Estou falando da parte histórica do livro.
Geralmente, essas partes não são tão interessantes, mas dessa vez foi
diferente. Talvez seja porque boa parte do livro se passa em um lugar que eu
realmente não conhecia. O Afeganistão. É surpreendente o quanto a realidade do
país muda depois de certo tempo e se aproxima bastante do que aconteceu de
verdade. O enredo da história, ou seja, a amizade entre os garotos, a
separação, a culpa, o arrependimento e a busca pela redenção poderia muito bem
se encaixar na realidade.
A narrativa não é complicada apesar de
frequentemente aparecer expressões afegãs que não vêm acompanhadas de tradução,
mas o contexto ajuda a entendê-las. Todo o livro é narrado por Amir e sinceramente,
é difícil não ficar com raiva dos atos e decisões que ele toma em certos
momentos, porém, tudo isso não passa dos defeitos dele. Todo mundo tem defeitos
e os de Amir têm o direito de aparecerem com frequência na história, afinal é a
vida dele que é contada ali. Inicialmente, a impressão que passa é que há uma
espécie de amizade não-correspondida na infância dos garotos, mas no final das
contas e mesmo que um pouco relutante, o personagem principal enfrenta desafios
para se desculpar de seu amigo. Enquanto ainda há tempo.
Só para finalizar, um breve relato:
durante a leitura, teve capítulos que fiquei quase uma semana empacada porque
não me sentia animada o suficiente para lê-lo em qualquer hora , no máximo, um
capítulo antes de dormir. Depois de passar por essa parte, é que a coisa andou
para valer. Mas o que quero dizer é que caso vocês desaminem como eu, não
desistam. E outra dica: se você é daqueles que, como eu, relacionava os países
“istão” e outros do Oriente Médio e Ásia Central a bombardeios, ditaduras e
negociações de “cessar-fogo”, leia O
Caçador de Pipas. A mídia não estava mentindo, mas pode crer que conhecer
essa realidade de ponto de vista de um afegão que nasceu e cresceu lá é
completamente diferente. Sério, ás vezes dá até para esquecer que o livro é de
ficção.
E vocês? Já leram O Caçador de Pipas? O
que acharam? Já leram outro livro passado (ou pelo menos, boa parte) na região
dos países “istão”? Quais? Comentem!
Beijos. ;)